ABIDIPA REBATE DECLARADA CRÍTICA BRASILEIRA A PRODUTOS IMPORTADOS
“ESQUECEMOS DE OLHAR PARA OS PRÓPRIOS PÉS”, DIZ PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO
O presidente da ABIDIPA – Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Produtos Automotivos, Rinaldo Siqueira Campos, acha injusta a crítica do governo brasileiro contra os produtos importados, sobretudo oriundos do mercado chinês. “Só sabemos dizer que estamos sendo vítimas de um reduto que pratica mão de obra escrava e que, por isso, consegue ter preços mais competitivos que os nossos. A análise não deveria ser tão fria assim”, contesta.
De acordo com o representante maior da ABIDIPA, os empresários brasileiros são vítimas de uma carga tributária injusta e que essa é a principal razão pela dificuldade de competir com os importados. O custo da mão de obra, no país, chega a 100% de impostos. “Não se faz nada nesse sentido. Há quantos anos estamos aguardando pela propagada reforma tributária?”, pergunta.
“Há um ataque fortuito aos calçados chineses, por exemplo.”, cita Rinaldo Siqueira Campos. Ele lembra que, apesar do Brasil ser o maior fornecedor de matéria prima para a fabricação de calçados – o couro – nossas empresas não conseguem competir, por conta dos impostos excessivos aplicados por aqui. “Nossos executivos sequer perceberam as mudanças de hábitos, nos últimos anos. O sapato perdeu espaço para o sapatênis e nada foi feito para acompanhar essa mudança. Se eles tivessem investido numa empresa nacional para a fabricação de tênis, por exemplo, poderiam ter encontrado um meio para acompanhar as novas tendências mercadológicas.”, entende. O Brasil não tem uma fábrica nacional para competir com o tênis importado. “Não olhamos para os próprios pés”, provoca.
Siqueira Campos avalia que o mercado sofreu grandes mudanças nos últimos 15 anos. A busca global pela competitividade força o enxugamento de custos e a profissionalização. O que, segundo ele, não vem acontecendo no nosso país. “É uma das razões pela quais muitas empresas têm deixado o Brasil, migrando para países com maiores possibilidades de sucesso”.
A busca pela retomada do crescimento, entende o empresário, passa por uma mudança brusca de atitude. Segundo ele, é preciso parar de reclamar e de “pensar pequeno”, buscando maior eficiência e competitividade. No caso da importação de pneus, existe outra lacuna a se considerar: “Carecemos de fiscalização mais efetiva. Existem leis, mas elas não são aplicadas com o rigor que se espera e precisa”, avalia. De acordo com a ABIDIPA, muitos pneus continuam entrando no mercado brasileiro com um cartel de irregularidades que vai desde fraude na importação até o subfaturamento de produtos, lesando os cofres públicos. “Já fizemos essas denúncias para órgãos responsáveis e continuamos aguardando providências”, finaliza Siqueira Campos.