O presidente da ABIDIP – Associação Brasileira dos
Importadores e Distribuidores de Pneus, Rinaldo Siqueira Campos, não se conforma
com declarações recentes veiculadas na mídia que apontam os importadores de
pneus como vilões despreocupados com a questão ambiental no que se refere ao
descarte de pneus importados, depois de seu uso. De acordo com o presidente da
entidade que representa cerca de 60 importadores do país, o custo que o
importador tem dá-se antes mesmo do início do processo de importação. “Por exigência
do Governo, há mais de 10 anos, somos obrigados a contratar empresas
credenciadas junto ao IBAMA para dar destino aos pneus usados. Nós pagamos pelo
descarte e as recicladoras se obrigam a descartar o produto assim que ele é
descartado pelo consumidor”, informa o empresário. De acordo com Siqueira
Campos, para cada quatro pneus que o importador vai trazer para o país, é
preciso pagar pelo descarte de cinco pneus. “O sistema integrado do SISCOMEX –
Sistema Integrado do Comércio Exterior é quem libera a licença de importação só
depois de contratada a empresa recicladora”, revela.
A explicação coloca por terra recente declaração do novo
presidente da Pirelli, no Brasil, Paolo Dal Pino. De acordo com o empresário,
em sua primeira entrevista no cargo, “Os
produtores nacionais gastam R$ 80 milhões para reciclar pneus. Por que o
importador não gasta nada?” disse ele à coluna MERCADO ABERTO DA FOLHA DE
SÃO PAULO, no último dia 16. Siqueira Campos, mesmo sem revelar cifras, garante
que a exigência da contratação das recicladoras representa 1,5% do custo dos
importadores no processo de importação de pneus para o Brasil. “Ele não sabe do
que está falando”, contesta Siqueira Campos.
Para a ABIDIP, os importadores estarão cumprindo
rigorosamente com suas obrigações legais, mas os fabricantes nacionais estão
usando todos os meios para eliminar a concorrência no país. “Há uma campanha de
marketing muito bem orquestrada pela ANIP – Associação Nacional da Indústria de
Pneumáticos para nos tirar do mercado.”, alega Siqueira Campos. “Eles mesmos
não têm esse custo com as recicladoras”, contesta. “O dinheiro que eles gastam
para denegrir o importador poderia ser aplicado em campanhas de esclarecimento
para o usuário colaborar no momento de descartar os pneus, deixando o produto
usado na loja, no momento da troca. Ao invés, disso, muitos colocam os pneus no
porta-malas e vendem na primeira borracharia que encontrar pelo caminho”,
alerta.
Os importadores reclamam que a indústria nacional interferiu
em outra exigência do Governo para com os importadores. “Querem que o Governo
Brasileiro exija dos importadores terem um ponto de coleta de pneu usado em
cada cidade com mais de 100 mil habitantes. Individualmente, nenhum importador
conseguirá fazer isso”, reclama. “Seria melhor que a destinação fosse feita
pelas empresas que tem contrato com o IBAMA e que pagamos no início de todo o
processo de importação”, pede Siqueira Campos. Ainda assim, a ABIDIP garante
que já tem mais de 300 pontos de coleta para atender a essa nova exigência. “Só
que seremos penalizados, mais uma vez, porque teremos que pagar duas vezes pelo
mesmo serviço de reciclagem. Concorrência desleal, na visão dos importadores”,
finaliza Siqueira Campos.
ASSESSORIA DE IMPRENSA NIVALDO DE CILLO